A participação do IANDÉ nesta primeira edição do Festival Diafragma soa como um brado de consciência.
Podemos fechar os olhos para as estatísticas, as probabilidades e os prognósticos, mas é impossível ignorar a escritura fotográfica das catástrofes da contemporaneidade.
A expropriação sem limites, seja do homem pelo homem ou da paisagem, acaba transformando nossas riquezas naturais em nossa maior pobreza.
Nos trabalhos dos sete fotógrafos propostos, buscamos a urgência de se reinventar uma outra maneira de existir nesta terra.
Felipe Fittipaldi, Isis Medeiros, José Diniz, Júlia Pontés, Mateus Gomes, Moara Tupinambá e Paula Pedrosa  formam o Coletivo IANDÉ 2021 e nos mostram narrativas de ruptura, dominação, solidão e resistência. Um olhar sobre o território e sua ocupação que nos evoca uma imensa vontade de sobrevivência.
Aqui a fotografia cumpre também seu papel de manter viva a memória. Pois sem memória há apenas a repetição cega de histórias de desamparo.
O que queremos, através desta exposição, é inspirar o desejo de reconexão com essa terra única, mãe da nossa ancestralidade.

O tema excolhido pelo Festival : Há só uma Terra.

Na visão de Nelson Marmelo, diretor artístico do Festival,  o tema “Há só uma terra”, é um estímulo à  múltiplas leituras. Mais do que invocar a necessidade da luta pela defesa urgente do meio ambiente, contra as alterações climáticas, nos trás igualmente  a reflexão sobre tudo o que o homem deixa como marca sobre a terra, apela para um olhar para si próprio, enquanto ser terrestre que somos, e par a contribuição da transformação e existência de um mundo melhor, mais digno, com menos desigualdades.  Um mundo que proteja a vida em todas as suas formas e manifestações.

A participação do Brasil  vai acontecer  na Tinturaria , de 14 de maio à 6 de junho , tempo de duração do Festival. A antiga Tinturaria foi  transformada em espaço cultural  em 2006 e desde então funciona como galeria de exposições temporárias e mostras de âmbito nacional e internacional. Neste mesmo espaço  também acontecerá a exposição dos fotófrafos portugueses.

A mostra tem curadoria de Glaucia Nogueira, fundadora da IANDÉ, e Ioana Mello, colaboradora da associação. “Queremos dialogar, multiplicar pontos de vista e interpretações e assim contribuir, através da imagem, para um debate democrático sobre as grandes questões da atualidade.” A Associação Cultural IANDÉ apóia, valoriza e promove a presença da fotografia brasileira na Europa. 

Conheça um pouco mais sobre os fotógrafos que formam O Coletivo Iandé  em Covilhã 2021 :

Felipe Fittipaldi
Felipe Fittipaldi vive no Canadá, é jornalista com pós-graduação em Comunicação e Imagem e contribui constantemente com jornais, revistas e instituições internacionais. Ganhou alguns prêmios como o Prix de la Photographie da National Geographic Photo Contest, Magnum Caravan Brazil, Addis Foto Fest e o Wellcome Prize. Em 2018, foi selecionado pela Fundação World Press Photo para o 6X6 Global Talent Program e em 2019, tornou-se « Grantee Explorer » da National Geographic. Hoje faz parte da coleção da BnF, França e é um dos finalistas do Prix HSBC 2021.

Isis Medeiros
Isis Medeiros é formada em design pela universidade do estado de Minas Gerais(UEMG) e vive atualmente em Belo Horizonte. Se tornou fotógrafa popular a partir dos seus projetos documentais junto aos movimentos sociais, seu olhar crítico busca denunciar negligência e descaso como o das mineradoras em Minas Gerais. Engajada na luta e empoderamento das mulheres, descortina em seu trabalho as violências do estado e as violações de direitos humanos. É uma das fundadoras do Grupo Nacional Fotografia pela Democracia. Recebeu em 2019 menção honrosa no Primeiro Congresso de Fotógrafas Latino Americanas.

Júlia Pontés
Artista, ativista, fotógrafa, pesquisadora mineira, se dedica à pesquisa, documentação e denúncia da devastação sócio-ambiental causada pela mineração. Formada pelo International Center of Photography em 2015, atualmente é mestranda em Artes Visuais na Columbia University, em Nova York, onde é representada pela

Front Room Gallery. Seu trabalho foi reconhecido e premiado pela Planetary Alliance da Universidade de Havard, instituição onde atua como embaixadora.

José Diniz
Nasceu em Niterói, vive no Rio de Janeiro. Frequentou o curso de Pós-graduação em Fotografia na UCAM-Rio e cursos na Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Tem a fotografia como eixo e atua também com vídeo, gravura, edição e produção artesanal de livros de artista. Indicado pelo British Journal of Photography como “One to watch in 2013” e pelo FOTOFEST – Houston como “International Discovery” em 2011. Em 2012 foi contemplado no prêmio Marc Ferrez e como melhor Portfólio FotoRio 2016, entre outros. Está na coleção da BNF-França, MFH Houston, AMA-Washington, Stanford University, MAM / Joaquim Paiva-Rio, MAR – Rio, dentre outras.

Mateus Gomes
Graduado em direito, atua como fotógrafo, pesquisador e artista visual independente, se dedicando a projetos autorais. Interessa-se profundamente sobre causas sociais. Já participou de exposições coletivas e foi finalista do Prémio Marc Ferrez de Fotografia – Sesc DF, no ano de 2017. Recebeu menção honrosa no Festival Internacional de Fotografia Paraty em Foco- categoria ensaio no ano de 2019, e no FestFoto Porto Alegre 2020. Vencedor do II Encontro de Fotografia Criativa de Maceió – FotoSururu 2020. Foi prémio Revelação na leitura de Portfólio FotoRio 2020.

Moara Tupinambá
Ativista visual, fotógrafa e pesquisadora nascida em Mairi, Belém do Pará. Sua poética percorre cartografias da memória, identidade, resistência indígena e pensamento anticolonial. Desde 2015 vem trabalhando com arte, ancestralidade, e como se conectar com a nossa espiritualidade e identidade por meio da criação artística. Em 2019, iniciou um processo criativo de imersão em uma pesquisa totalmente independente sobre seus parentes que se originam da comunidade de Cucurunã / Santarém / Tapajós, o que a fez criar um “Museu” itinerante e digital, o @museudasilva.

Paula Pedrosa

Paula Pedrosa é formada em biologia e comunicação visual, com pós-graduação em ecologia. Utiliza a fotografia como suporte criativo para investigar conceitos contemporâneos de natureza e nossa relação com a paisagem, entremeando ciência e imaginação. Em 2019 publicou seu primeiro livro, Diorama, em 2020 foi selecionada para o programa Nova Fotografia, MIS, São Paulo.

Veja um pouco do que vamos mostrar no Festival :