Rencontres d’Arles : What’s going on in Brazil ?

Como parte de uma colaboração com a Fundação Manuel Rivera-Ortiz dentro da exposição « What is Going On ? », nós do Iandé temos a alegria de propor  uma exposição coletiva sobre o Brasil durante o Festival Rencontres d’Arles.
What is going on in Brazil?  Entre julho e setembro, a cada semana, um artista convidado se conecta à fundação e expõe seu trabalho em conexão com o que está acontecendo no Brasil neste ano de 2019. Em uma das salas da Fundação, nossa janela vai colocar em evidência, em tempo real, a história no momento em que ela está sendo escrita. Queremos mostrar simultaneamente, como um povo reage e se engaja conforme os  acontecimentos se desencadeiam. As imagens não validam uma tese. Eles são a tese em si. O que está acontecendo no Brasil? Esta questão constantemente levantada na Europa, após a eleição de Jair Bolsonaro, atual Presidente da República, serve de base para reunir narrativas e, em seguida, lançar debates.

O coletivo Iandé em Arles

Para Glaucia Nogueira e Isabel Brossolette Branco, fundadoras do Iandé, estar em Arles através da fundação Manuel Rivera-Ortiz faz todo o sentido, pelo seu comprometimento com um discurso social positivo em comunidades sub-representadas em todo o mundo.  A vocação do Iandé é justamente divulgar e expor a fotografia brasileira além de seu território, pois através da imagem podemos conseguir apoio pra grandes causas brasileiras.
Acreditamos no poder da fotografia na construção da dignidade, no tornar evidente a emergência das questões da atualidade.
Arles 2019, vai ser pra nós mais uma ponte significativa entre o Brasil e a França.
E para isso o trabalho de Ioana de Mello é fundamental.
A comissária Ioana de Mello nasceu em 1980 no Rio de Janeiro e vive entre o Brasil e a França. Como curadora independente, interessa-se pelas relações artísticas entre a Europa e a América Latina.
No Brasil, ela foi membro do júri do Francês Alliance Preço, professor da PUC-Rio Universidade e assessor da Gávea Galeria Galeria da, FotoRio festival e plataformas digitais Oficina Oriente Subversos e Photolimits. Em Paris, ela escreve sobre fotografia e psicanálise e o lugar da arte na América Latina no mercado internacional, atualmente faz parte do Iandé como diretora de projetos artísticos.
What is going on in Brazil vai compartilhar faixas de trabalho em andamento, dando a ver e ouvir, uma pesquisa coletiva em seu aspecto mais vivo. « Queremos multiplicar as visões, interpretações, reações a diferentes visões fotográficas – centrais e periféricas – e em que resultam. »

Os fotógrafos brasileiros em Arles

Luiz Baltar

É formado em Gravura pela Escola de Belas Artes no Rio de Janeiro, em fotografia documental pela Escola de Fotógrafos Populares e pós graduando em Fotografia e Imagens. Luiz Baltar acredita na fotografia como forma de expressão ativista e crítica. Seu trabalho busca estabelecer um diálogo entre fotografia e questões sociais, sobretudo no que diz respeito ao olhar sobre a cidade.

O artista apresenta em Arles sua série “Favelicidade”, documentações fotográficas do território, da cultura e do direito à cidade na periferia do Rio de Janeiro.

Dayan de Castro

Paulista, formado em fotografia e mestre em artes visuais pela Unicamp, Dayan já publicou 3 livros. Seu trabalho perpassa diferentes técnicas de fotografia, como o van dyke brown e a colagem. Usando metáforas visuais ele dialoga com a literatura, lendas e mitos.

Em Arles apresenta “Aere Pereninius”, questões sobre o processo de perda, a exploração, o desmatamento e o desastre ecológico produzido pelo projeto agrícola atual das grandes fazendas.

Fran Favero

Fran Favero vive e trabalha em Florianópolis. É formada em Artes Visuais, com intercâmbio em Montréal, Canadá, e Ciências Biológicas em Santa Catarina. Tem interesse especial pelas noções de espacialidade, paisagem e fronteira, além das questões ligadas à mulher. Seus trabalhos se inserem no campo da multimídia, abrangendo principalmente a fotografia, o vídeo e o uso do som.

Sua série “Jardins”, de fotografias de arquivo, questiona, no festival de Arles, sobre o lugar da mulher na sociedade brasileira, escondida em seus limites do lar.

Ana Carolina Fernandes

Fotojornalista carioca, formada pela Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Ana Carolina começou a trabalhar no jornal O Globo aos 19 anos e desde então ganhou dois prêmios de fotojornalismo da Folha e foi finalista do prêmio Conrado Wessel em 2013, dentre outros. Mas sobretudo, esteve presente com sua câmera em todas as últimas manifestações políticas e sociais, vivendo cada luta que o Brasil passou nos últimos anos. Depois de tudo isso, o jornal NY Times a apontou como uma das fotógrafas mais influentes do Brasil.

Em Arles apresenta imagens do carnaval da periferia, 5 dias onde se vive uma trégua tênue entre o caos cotidiano da realidade das comunidades e os prazeres da festa.

Felipe Fittipaldi

Baseado no Rio de Janeiro, Felipe é formado em jornalismo e pós graduado em comunicação e imagem. Fotojornalista, trabalha para diversas publicações como The New York Times Magazine, National Geographic, The Nature Conservancy, El País, VICE, entre outros. Ganhou os prêmios Lens Culture Emerging Talents Award 2017, National Geographic Photo Contest, Magnum Caravan Workshop 2017 and PEF 2017 e em 2018 foi finalista do 6×6 Global Talent Program World Press do Photo Foundation. Seu trabalho pessoal é engajado em questões sociais e ambientais.

No festival de fotografia de Arles apresenta sua série “Rio-Sénegal”, retratos de imigrantes senegaleses no Rio de Janeiro e momentos de suas novas vidas.

Pedro Kuperman

Formado em design gráfico pela PUC Rio, estudou fotografia no Centro Internacional de Fotografia de Nova York. Pedro é o idealizador do projeto Oficina de Fotografia Ashaninka, trabalho de educação visual com a comunidade indígena Ashaninka, na Amazônia Acreana, em parceria com o Instututo-E e com a UNESCO Brasil.

Em Arles apresenta um pouco de seu projeto e sua experiência na Amazônia com o intuito de destacar a importância das culturas indígenas e os perigos que vivem no momento atual.

Elsa Leydier

A fotógrafa francesa Elsa Leydier depois de se formar na escola de fotografia de Arles, e viajar pelo mundo, resolveu se mudar para o Brasil. E é através da fotografia, que ela vive esse deslocamento territorial e identitário. Com um olhar agudo, ela discute em suas imagens toda complexidade brasileira que não é mostrada no exterior. Sua preocupação é fugir do clichê e das imagens dos cartões postais.

Em Arles apresenta duas séries, “#elenão” que questiona as frases absurdas ditas pelo presidente Jair Bolosnaro em comparação à imagem idílica que temos do país tropical e paradisíaco que é o Brasil. Sua outra série, “A core da Baía do Rio” fala sobre a poluição das águas da Baía da Guanabara no Rio de Janeiro.

Daniel Marenco

Fotojornalista baseado em Brasília, Daniel Marenco atuou em diversos jornais pelo país e pelo mundo, participando de coberturas importantes como o terremoto no Nepal, a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos, as manifestações de 2013, as posses presidenciais, entre outros. Finalista de prêmios como o Prêmio Esso (2015), Prêmio Folha de Jornalismo (2014), Conrado Wessel (2014), o trabalho de Daniel Marenco apresenta um olhar agudo em momentos decisivos de nosso cotidiano . Em 2018, ele dirige seu primeiro documentário, “Contramaré”.

Em Arles, o artista apresenta, através de imagens do cotidiano e dos bastidores políticos, uma cronologia dos últimos anos no Brasil que nos trouxeram ao momento atual.

Janine Moraes

Janine Moraes é fotojornalista desde 2008, baseada em Brasília. Graduada em Comunicação Social com habilitação em jornalismo pela Universidade de Brasília (UnB), integra o coletivo de mulheres fotógrafas Mamana.

Seu trabalho para o festival de Arles dialoga criticamente com a realidade atual brasileira através de mitos da cultura indígena e imagens da capital federal, Brasília.

Shinji Nagabe

Ganhador do Prêmio Art Photo BCN de 2016, Prêmio Maison Blanche 2018 e finalista do Prix HSBC de Fotografia Contemporânea 2018, Shinji Nagabe é jornalista de formação. Seu trabalho reflete uma busca identitária, em um universo original que mistura alegorias brasileiras e referências nipônicas. Vive na Espanha e trabalha entre a Europa e o Brasil.

Expõe em Arles sua série “Respiração”, de crianças do bairro da Cidade Tiradentes que usam meias coloridas.  De seus rostos escondidos, sufocados até – pela realidade, pela história, pelo cultura – transparecem cenas imaginárias

Simone Rodrigues

Educadora no Rio de Janeiro, mestre em História Social da Cultura. Simone trabalha com questões de identidade, gênero, memória, corpo e sexualidade. Usa principalmente montagens, vídeos, objetos e instalações para construção de pensamentos, narrativas e proposições de experiências.

Em Arles apresenta seu projeto “Nomes do Amor– o amor que ousa dizer seu nome”, uma série de retratos de casais LGBT revelando uma amostra da pluralidade ainda pouco conhecida, e muito estigmatizada, da família homoafetiva brasileira.

Karime Xavier

Formada em comunicação no Paraná e em jornalismo em São Paulo, Karime Xavier é uma grande retratista atuando na imprensa brasileira. Seu olhar inovou as capas dos principais meios de comunicação do país. Depois de uma grande mudança pessoal, sua fotografia voltou-se ao humano.

Em Arles, ela discute em sua série “Cache Cache”, cidadania e identidade, se aprofundando na realidade dos moradores de rua.