A plataforma Iandé apresentou em Paris, na última sexta-feira, o fotógrafo Joel Lopes e seu foto-livro Águas. O evento aconteceu na Unesco e fez parte do programa do 6º Festival do Rio Grande do Sul.
A ministra Claudia de Borba Maciel, abriu o evento, destacando a diversidade da cultura brasileira, diante de um público de artistas, fotógrafos, diplomatas e entusiastas da fotografia.
Nascido no Rio Grande do Sul, em um estado extremamente irrigado, Joel viu imagens de “caatinga” pela primeira vez na sala de aula. Ele olhou para a seca das paisagens da lição como um menino que nunca tinha visto o mar: atordoado e intrigado. Aquele que morava em frente à um grande lago não podia aceitar tanta desolação. Joel nem conseguiu dormir, pegou lápis e papel e desenhou o Rio Amazonas. E foi puxando os braços imaginários de cor azul em direção as terras secas. No dia seguinte, ele ingenuamente entregou sua folha para a professora e pediu para que ela colocasse seu projeto em ação.
Quase 50 anos depois, ele viu seu desenho se tornar realidade com os braços de São Francisco, fartura chegando na Paraíba e em Pernambuco. Realizar o projeto fotográfico então foi uma evidência. Joel decidiu trilhar o mesmo caminho da água, subindo e descendo montanhas com uma única câmera e sua objetiva.
Mas ao contrário do fotógrafo flâneur, que passa, captura sua foto e se vai, Joel foi convidado a entrar nas casas, a tomar um café com os moradores, a compartilhar suas vidas e suas paisagens.
É com essa intimidade que o resultado deste olhar chega à Paris, para nos fazer viver a imaginação de Ariano Suassuna, “a pedra do reino”, o magnífico e enigmático painel de rochas da Pedra Ingá, ou os personagens do sertão brasileiro em plena transformação com a chegada da água.
Tudo isso em uma edição requintada de 86 fotografias que revela o imenso talento de Joel Lopes como contador de histórias.