A vida cultural está recomeçando na França e o fim do túnel pandêmico nos leva diretamente a La Bourse de Commerce. Este lugar histórico, esquecido pelos parisienses, entra agora no século 21 e abre suas portas ao público no dia 22 de maio. Amanhã.
Esta é uma das inaugurações mais esperadas do ano.
François Pinault, um dos mais importantes colecionadores francês de arte contemporânea, finalmente realiza o sonho de ter seu terceiro museu,  em Paris. Divide com o público um acervo de mais de 10.000 obras, fruto de 40 anos de investimento, com um particular interesse em artistas comtemporaneos, dos anos 1960 até os dias atuais.

A bela cúpula da Bourse de Commerce agora abriga uma primeira exposição muito bem concebida que tem como tema central a figura humana.
Mas a primeira arte que nos chama a atenção é a arte arquitetônica de Tadao Andō. Este grande aquiteto soube perfeitamente propor um projeto em sintonia e respeito ao passado grandioso deste edifício.

Um cilindro de concreto recria uma relação com este belo patrimônio histórico, tornando-se um espaço mágico de circulação e salas de exposição onde encontramos o trabalho de trinta e seis artistas em cerca de 200 obras. Uma escadaria sobe para nos conduzir aos pisos superiores, onde também podemos ver uma grande coleção de fotografias contemporâneas. A Galeria 3 reune obras fotográficas de seis artista que abordam temas atuais como questões de genero, identidade, de desconstrução dos estereótipos e dos modos de representação sociais : Michel Journiac, Cindy Sherman e Martha Wilson nos anos 70 marcaram a época se colocando em cena. Nos anos 80, os trabalhos e estudos de Louise Lawler, Sherrie Levine e Richard Prince revolucionaram a imagem com gestuais e intervenções de puro engajamento e ativismo político.
Descubra nossas fotos tiradas durante a visita prévia.

Saint Louis, Blanche de Castille, Philippe le Bel, Catherine de Medici são figuras históricas ligadas ao lugar, ao longo do tempo,muito antes dele se tornar a Bolsa de comércio.  Criticado por Victor Hugo, que detestava o que ele chamava de telhado belicoso em forma de capacete de guerra, a arquitetura do prédio não deixa ninguém indiferente. Até Thomas Jefferson, então embaixador dos Estados Unidos em Paris, ficou fascinado com o lugar. Sempre presente em diversos momentos históricos, “La Bourse”  também se tornou um dos locais da Feira Mundial de 1889, depois Bolsa de Valores, antes de abrigar os escritórios da Câmara de Comércio. O trabalho que envolveu várias equipes e  demorou mais do que o esperado, mas aqui está ele terminado. Este projeto cultural construído no desejo de compartilhar uma paixão  que é a arte contemporanea, estará disponível para o maior número possível de pessoas nos próximos anos.

O imprevisível torna-se óbvio e Paris reforça assim o seu lugar único na cena artística internacional. François Pinault, prestigiado inquilino da cidade de Paris, continuará a ser uma figura chave na arte contemporânea ainda por muito tempo, pelo menos pelos próximos cinquenta anos