Segunda-Feira 12:35. A exposição de um dos maiores fotógrafos contemporâneos do século XX, em Paris, está lotada. Assisto a um desfile incansável de pessoas na frente de imagens míticas. Os retratos me são familiares, mas vê-los contra esse belo fundo cinza, todos juntos, sem ter que passar páginas de um livro, me encanta. E começo a imaginar diálogos entre fotografo e fotografado. Que palavras usou Irving Penn para esculpir seus modelos vivos e os atrair para a posição desejada. Como adoraria ver esses contatos, onde gigantes na sua existência, deixaram por alguns segundos de ser personalidades para se transformar em personagens de Mister Penn.  Paro alguns minutos diante de Truman Capote penso em August Sander e o seu pianista ( Der Maler Gottfried Brockmann).

Tenho certeza que com um bom diretor de arte, Irving Penn usava referências.

Foram mais de 60 décadas de Vogue, construindo o inesqueciível. Dentre eles adoraria ter «Man Lighting Girl’s Cigarette» na minha parede. Pela sua complexidade de composição. Um dos poucos flues de Irvin Penn. E eu adoro um blur, um desfoque. Troco de sala mais uma vez, ando devagar. Não quero que a exposição termine. São Duzentas e trinta e cinto tiragens, 11 espaços que percorremos encantados, onde a simplicidade e o rigor do mestre de estúdio transparecem. Mas o meu minuto de silêncio vem quando me deparo com a ausência do fotografo. Seu fundo infinito solitário e sua câmera sobre o tripé. Respeito. Diante da grande escadaria fica explicito que Irving é gerúndio. Tempo continuo, eterno. Pra vocês no Brasil: a exposição é itinerante e vai poder ser vista no Instituto Moreira Salles, no Brasil à partir de 21 de agosto de 2018. A quem temos que agradecer esta bela retrospectiva : Ao Metropolitan Museum de Arte, em colaboração com a Fundação Irving Penn e ao Grand Palais.